E atualizando esse tópico para narrar mais uma curiosa novidade técnica :
Meu irmão , que comprou recentemente o seu novo HB20 1.0 TGDI aut. 2023 e que ainda está em fase de amaciamento, me contou ontem que até agora e desde que ele retirou da CCS esse seu veículo zerado, que ele estava abastecendo somente com 100% de etanol e que estava obtendo boas médias de consumo urbano leve de 9 kms/l a 9,2 kms/l e sempre com o A/C ligado a maior parte do tempo.
Mas que, e somente por curiosidade, no seu último abastecimento , ele inventou de misturar apenas 10% de gasolina comum no etanol e adivinhem o que aconteceu ?
Aquelas medias de consumo boas e saudáveis obtidas até então com etanol 100 % , despencaram para nada razoáveis e péssimos 7,4 kms/l e sempre rodando no mesmo ritmo e condições e basicamente pelos mesmos locais que antes .
Mas é óbvio que para tudo em mecânica automotiva , existe sempre uma explicação lógica e aqui nesse caso, isso tbm não seria diferente :
Ocorre que a taxa de compressão estática desse motor 1.0 turbo TGDI é de 10,5:1 o que significa que quando o turbo não está soprando nada, será exatamente essa a taxa de compressão desse motor.
Mas , nunca esqueçam aqui nesse caso que qq subidinha de leve na rotação desse motor indo da marcha lenta até uns 1500 rpms já acorda o turbo que vai soprar uma boa dose extra de ar o suficiente para fazer esse motor produzir o seu torque máximo a partir dessa rotação.
O que significa tbm que desses 10,5:1 da compressão inicial, soma-se toda essa carga extra de ar soprada pelo turbo para dentro desse motor e vejam só como fica agora a taxa de compressão resultante :
Vamos calcular por baixo um sopro mais leve da turbina nessas 1500 rpms de só uns 0,4 bars (mas que pode ser de até um pouco mais) e a conta fica assim :
Seriam esses 0,4 bars de pressão do turbo que multiplicados pela taxa de compressão estática de 10,5:1 e mais a pressão atmosférica normal do ar que aqui nesse exemplo é de 1 bar e então temos :
1,4 x 10,5 = 14,7:1 que é o valor da taxa de compressão resultante desse motor quando ele receber apenas esses 0,4 bar de pressão do turbo.
Agora imaginem que com uma taxa de compressão já elevada dessas , como se comportaria a combustão de uma mísera e pobre gasolina comum de escassas 93 octanas ???
Lembrando ainda que só de se misturar 10% de gasolina comum no etanol , já se perdem de 3 a 4 octanas nessa nova mistura comparado ao etanol 100% e essa perda já é suficiente para esse motor perceber isso atraves dos seus sensores e adotar assim, novos parâmetros de regulagem, obviamente que não tão benéficos do que quando ele estava com 100 % de etanol no tanque e com isso, esse motor perde sim uma parcela do seu rendimento máximo obtido quando com etanol 100 %.
Imaginem agora uma cena pior ainda que seria quando esse turbo soprar bem mais do que esses leves 0,4 bars de pressão , podendo chegar a 0,9 bars no caso desse motor 1.0 TGDI quando se apertar mais a fundo o seu acelerador :
E nesses casos , a taxa de compressão resultante iria para : 1,9 x 10,5 = 19,95:1 ou seja , essa já é uma compressão bem mais elevada e totalmente impensável e insuportável para lidar com essas nossas pobres gasolinas nacionais.
Então, é exatamente por isso que mesmo se for misturado um baixo percentual de gasolina no etanol, a ECU vai sim detectar essa leve piora na qualidade do combustível abastecido ao se diminuir na prática o seu numero de octanas e esse motor 1.0 turbo flex vai sim perder um pouco do seu rendimento máximo, mostrando que foi exatamente isso que ocorreu na pratica aqui nesse caso desse HB20 1.0 TGDI ao aumentar o seu consumo médio para compensar essa perda na octanagem do combustível abastecido.
Ou seja, a experiência de se misturar apenas esses 10% de gasolina no etanol foi tudo de ruim nesse caso , por isso que milagres em mecânica automotiva não existem e tudo tem um resultado prático sempre de acôrdo com cada situação.
Moral dessa história, para esse novo motor 1.0 turbo TGDI flex o melhor combustível para ele sem dúvidas ainda é o etanol 100 % !
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